domingo, 28 de outubro de 2012

Julgamento da Capitu - no Sesi Vilhena

Postado por Nidiane Latocheski às domingo, outubro 28, 2012

A encenação foi realizada pelo 2º ano do Ensino Médio do
Centro Educacional Isolina Ruttmann - SESI /VHA, no dia 26/10/2012




Quando os alunos por si mesmos sabem "pôr a mão na massa", o trabalho flui, simplesmente porque fazem e pronto! Bastou lançar a ideia e eles acataram, trabalharam muito nos dois grupos: o da acusação e da defesa da personagem Capitu.

O trabalho teve como objetivo representar em um júri simulado pontos importantes da obra Dom Casmurro, escrita por Machado de Assis. O combinado foi simular conforme as leis promulgadas à época, em que o adultério era crime e havia condenações diferenciadas entre homens e mulheres.

O sucesso do trabalho deve-se ao fato de os alunos argumentarem com segurança sobre detalhes do enredo. Souberam lidar bem com os improvisos do júri, pois, nenhum grupo sabia exatamente o que o outro iria abordar para fazerem suas réplicas e tréplicas.

Júri

Promotores, Juiz (Prof. Maurício) e escrivão

galera animada! Foto para a posteridade


Simplesmente deeeez!


Segundo informações da Folha de São Paulo, que simulou um júri em 1999, em comemoração aos 100 anos de publicação do livro Dom Casmurro, não há como condenar a Capitu. Veja um trecho da reportagem
A DEFESA"Bentinho é paranóico", argumenta advogada de CapituCYNARA MENEZESda Reportagem Local
Com voz pausada e citando estudiosos estrangeiros de Machado de Assis, a advogada de defesa, Luiza Nagib Eluf, levou oito minutos para chegar ao ponto central de sua argumentação: o adultério de Capitu não passou de paranóia de seu narrador, Bentinho.
Os olhares que teria dirigido ao "amante" Escobar morto, no caixão; a semelhança entre este e o filho de Capitu e Bentinho, Ezequiel; os encontros furtivos que teriam acontecido entre os dois "adúlteros". Absolutamente toda a suspeita em "Dom Casmurro", para Nagib Eluf, é invenção da mente neurótica do marido ciumento.
"Essa história é milenar. É a história da paranóia masculina", disse a advogada, para êxtase da platéia que vinha acompanhando sua narrativa com atenção, como se estivesse esperando pelo momento em que a palavra aparecesse.
O retrato traçado por Luiza Nagib Eluf do marido de Capitu é o de "um sujeito que construiu sua própria ruína. A semente da destruição mora em Bentinho".
Foi a paranóia que o teria levado a ver uma confissão de culpa no comentário da própria Capitu sobre a semelhança dos olhos de Ezequiel com os de Escobar -o que, disse a advogada, "não seria dissimulação, seria burrice".
Idêntico sentimento norteava, segundo ela, o sultão das "Mil e Uma Noites" em seu plano de se casar todas as noites com uma virgem e matá-la no dia seguinte com medo de ser traído. "Esse é um elemento que pode ser encontrado na psicologia de muitos homens."
Para Nagib Eluf, quem deveria estar sendo julgado ali era o marido Bentinho, por paranóico, neurótico e inseguro que era, "ensandecido de ciúmes, como muitos homens que mataram suas esposas".
Provocando o advogado de acusação, Márcio Thomaz Bastos, lembrou que o advogado criminalista havia sido acusador "em casos ótimos, condenando os assassinos" de cônjuges sob a extinta alegação de legítima defesa da honra.
"Bentinho não é assassino, mas é quase", argumentou, porque obrigaria a suposta adúltera Capitu a viver no exílio com um filho que poderia ser dele, onde morreria "provavelmente de infelicidade".
"Nem Bentinho tem certeza da traição. Escreve esse livro apenas para reforçar para si próprio a certeza de que agiu corretamente. O fato de ele enxergar no filho a pessoa do amigo é extremamente subjetivo. É parte de sua paranóia."
Mas a estratégia da procuradora de Justiça não se limitou a apontar a existência da neurose masculina em Bentinho como razão suficiente para inocentar Capitu, "uma moça moderna cuja energia e liberdade são intoleráveis" para o marido, em citação do inglês John Gledson, estudioso da obra de Machado de Assis.
Um dos trunfos de Nagib Eluf foi municiar-se não apenas do livro de Machado, mas também de farta jurisprudência para mostrar a impossibilidade de condenar Capitu sem provas concretas.
Em um país onde o adultério ainda é considerado crime passível de punição, a curiosa jurisprudência brasileira sobre o tema, que só existe em latim, de acordo com Nagib Eluf, também causou risos.
"Para a configuração do adultério é necessário que o casal se encontre "solus cum sola in solitudine" (juntos e sozinhos)" , explicou. "Antigamente, se exigia que estivessem "nudus cum nuda" (homem nu com a mulher nua), mas hoje não é mais necessário."
Encontrou ainda um texto legal que caiu como uma luva no julgamento: para fins penais, a prova do adultério deve ser positiva e concludente, não bastando comportamento ambíguo -exatamente o caminho escolhido pelo escritor para narrar a história.
"Eles leram Machado", comemorou a procuradora, concluindo que sem prova de conjunção carnal o julgamento de Capitu estava decidido, novamente em latim: "In dubio pro reo" -na dúvida, a favor do réu.
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq25069921.htm




2 comentários:

Profª Jucélia on 2 de novembro de 2012 às 21:47 disse...

Oi Nidi
Parabéns pelo belo trabalho. Recebi o Prêmio/selo Dardos e gostaria muito de ofertá-lo a você também, pois considero seu blog fantástico. Espero que aceite. No meu blog estão as instruções de como pegar seu prêmio. Espero que aceite é de coração.
beijos

Nidiane Latocheski on 5 de novembro de 2012 às 22:58 disse...

Obrigada, Jucélia!!
Quanta honra!!
Valeu!
Beijão..

 

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